TEA - Rotinas e sequências com pistas visuais. Por que devo usá-las?

TEA - Rotinas e sequências com pistas visuais. Por que devo usá-las?

Por: Pediatherapies - 02 de Abril de 2025

Você sabia que existem diversas formas de organização da rotina e que ajudam a simbolizar a sequência das tarefas como, alimentar-se, escovar os dentes, tomar banho e dormir, podendo ser usado como um cronograma para uma criança com TEA?

Por: Gisele Baissi – Terapeuta Ocupacioanal

Quando falamos em autismo, a antecipação e a previsibilidade são pontos de extrema importância para a prevenção de crises ou para um maior controle das estereotipias desencadeadas por momentos e ambientes desconfortáveis para essas crianças.

Para o TEA, se faz necessário passar a informação da antecipação, ou seja, mostrar à criança o que irá acontecer.

Faz parte desta informação antecipada:

  • as atividades a serem realizadas no dia;

  • identificar e apontar se haverá algo diferente, ou seja, algo que fuja da rotina diária;

  • gerenciamento do tempo da criança.

Estas medidas contribuem com um melhor desenvolvimento e, principalmente, organização pessoal e social. Para isso, se faz necessário estabelecer uma rotina dentro de casa, na escola, em viagens e também para os fins de semana. É importante que a família tenha em mente a real importância de possuir um cronograma da vida diária do filho com TEA.

Existem diversas formas de representações que auxiliam na organização da rotina e das tarefas, que podem, facilmente ser utilizado como um cronograma. Por exemplo:

  • Painel – Lousa;

  • Calendário estilizado;

  • Tabela estilizada;

  • Mural informativo e ilustrado;

  • Relógios;

  • Imagens (fotos);

Nestes informativos/planejadores, podem constar tarefas que vão desde o acordar até o momento de dormir.

DE MANHÃ

  • Vestir o uniforme;

  • Calçar o sapato;

  • Tomar café da manhã;

  • Escovar os dentes;

  • Pegar o lanche feito pela mamãe e colocar na lancheira;

  • Pegar a mochila e a lancheira;

  • Ir para o carro ou para o portão para esperar a Van;

  • Entrar na Van e dar bom dia para a Tia e para os coleguinhas;

  • Não brigar dentro da van;

  • Chegar na escolinha e se despedir da tia.

É muito importante que o planejamento possua níveis ou etapas. A proposta é ajudar a criança na organização pessoal e social e não robotiza-la. De acordo com que algumas rotinas vão entrando na organização natural da criança, os elementos vão saindo do quadro. A proposta é que neste painel organizacional, ao final, fique apenas os elementos básicos como, por exemplo: escovar os dentes, se alimentar, tomar banho, guardar os brinquedos e dormir.

MAS SE FIZERMOS ESTES PAINÉS COM TODOS ESTES INDICATIVOS, NÃO ESTAREMOS TORNANDO NOSSOS FILHOS ROBÔS?

Esta dúvida por parte dos pais, professores e até mesmo de alguns terapeutas, é muito comum e extremamente pertinente. Mas o que não o tornará uma criança robô será justamente o fato de, se a técnica executada, estiver sendo aplicada de forma adequada.

Qual é a forma adequada?

Simples.

Os reformadores adequados devem ser usados no momento certo.

Um exemplo disso: uma vez que o painel esteja montado e, após explicar a criança, sempre que ele pular uma tarefa, questione-o: filho(a) tem certeza que o momento de fazer isso é agora? Dá uma olhada no seu painel. Desta forma haverá o estímulo de busca, percepção e até mesmo de oratória da criança. É preciso estimular na criança este mecanismo de busca e percepção, jamais a “decoreba”, pois uma vez decorado, teremos uma criança robotizada.

Decorar é diferente de memorizar.

Vocês papais, por exemplo, quando estudavam para as provas escolares, vocês decoravam o conteúdo ou os compreendiam e memorizavam o conceito da matéria? Esta é a mesma premissa a ser adotada com a criança TEA.

Outro fator que contribuirá com a não-robotização da criança será a quebra da rotina. A quebra da rotina tem o papel fundamental de trazer ao cotidiano do seu filho “pequenas mudanças”, de modo que, possamos quebrar uma rotina sistemática evitando assim, uma rigidez mental da criança de modo que não o direcionemos a episódios de crise, quando eventualmente for proposto esta quebra. Um exemplo claro disso é que, se durante a semana a rotina dele é acordar em um horário x, vestir o uniforme escolar, tomar café da manhã e ir à aula; em um feriado durante a semana, ele pode acordar mais tarde, tomar o café da manhã e ir brincar. Lembrando sempre de explicar ao seu filho(a) o motivo da quebra da rotina e deixar claro que está tudo bem.

Mesmo seguindo estas estratégias, é possível a criança não conseguir se organizar?

Evidentemente esta possibilidade existe, sim; mas as chances diminuem muito.

Mesmo com todo o planejamento e estratégia sendo tomada, caso a criança não consiga se organizar, é necessário manter a calma e a paciência. A família não deve, jamais, se esquecer que se trata de uma criança. Ou seja, se faz necessário respeitar o momento do seu filho(a), levá-lo a um lugar onde ele se sinta seguro e mais calmo e, desta forma, fazer com que ele consiga se organizar. Não podemos esquecer jamais de um ponto crucial para o sucesso de qualquer medida, seja ela alternativa ou não: o diálogo. Com ou sem painel, jamais deixe de conversar com seu filho. Olhar nos olhos dele de forma clara, branda e passar a ele a sensação de parceria, compreensão, apoio, cuidado e amor.

Gisele Baissi
TERAPEUTA OCUPACIONAL
CREFITO 3/ 14000 -TO

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